Àquela hora Jorge acordava, e sentado numa cadeira, imóvel com soluços cansados que ainda o sacudiam, pensava nela. Sebastião, no seu quarto, chorava baixo. Julião, no Posto Médico, estendido num sofá, lia a “Revista dos Dois Mundos”. Leopoldina dançava numa soirée da Cunha. Os outros dormiam. E o vento frio que varria as nuvens e agitava o gás dos candeeiros ia fazer ramalhar tristemente uma árvore sobre a sepultura de Luísa. (426)
[Basílio procura Luísa e fica a saber que ela morrera.]
Ao fundo do Aterro voltaram; e o visconde Reinaldo passando os dedos pelas suíças:
- De modo que estás sem mulher...
Basílio teve um sorriso resignado. E, depois de um silêncio, dando um forte raspão no chão com a bengala:
- Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!
E foram tomar xerez à Taverna Inglesa. (429)
Contexto Interno
Contexto Interno
Tivera lugar o funeral de Luísa. Nesse mesmo dia Basílio e o visconde Reinaldo chegam a Lisboa.
Perspectivas
Tédio
Tédio
Basílio pensava voltar a ocupar as suas longas horas de ócio com a prima. Ao saber da morte de Luísa só lamenta não ter trazido a sua amante Alphonsine.
Ordem/desordem
Ordem/desordem
Depois da morte de Luísa, só Jorge e Sebastião sofrem (em desordem emocional), todos os outros já tinham retomado a sua vida normal. A ordem restabelecera-se.
Romance de Tese
Romance de Tese
Com o final da obra pretende-se que o leitor perceba que as maiores culpas não cabem a Luísa, que é o produto de um dado ambiente e de uma determinada educação. A maior responsabilidade recai sobre a sociedade a que pertencia.
"A mulher na presença do mundo tentador - está hoje desarmada. Desarmada, inteiramente. A família, com a sua dignidade, enfraqueceu; a religião tornou-se um hábito incompreendido; a moral está-se transformando, e enquanto se transforma, não influencia nem dirige; a fé já não existe; a prática da justiça ainda não chegou: em que se apoiará a mulher?" (Queirós, Uma Campanha Alegre, II: 131)
Depois da morte de Juliana e de Luísa, tudo volta à normalidade. Basílio não é punido, o seu comportamento é socialmente aceite. À mulher competia vencer os sedutores pela superioridade da sua formação moral.
O romance de tese pretende dar a ver a realidade e funciona como uma semente junto do leitor, incutindo-lhe responsabilidade para mudar o "statu quo" (Suleiman, 1983), contribuindo, assim, para a regeneração social.