3. O Adultério

Ícone iDevice 3. A ida ao Paraíso

E Sebastião imóvel, seguindo-a devotamente com os olhos:

- Se aquilo não respira mesmo honestidade! Vai às lojas... Santa rapariga! (...)

Ia, enfim, ter ela própria aquela aventura que lera tantas vezes nos romances amorosos! Era uma forma nova do amor que ia experimentar, sensações excepcionais! Havia tudo - a casinha misteriosa, o segredo ilegítimo, todas as palpitações do perigo! Porque o aparato impressionava-a, atraía-a mais que Basílio! Como seria? (...) Desejaria antes que fosse no campo, numa quinta, com arvoredos murmurosos e relvas fofas; (...) Mas era um terceiro andar, - quem sabe como seria dentro? Lembrava-lhe um romance de Paulo Féval em que o herói, poeta e duque, forra de cetins e tapeçarias o interior de uma choça; (...) Conhecia o gosto de Basílio, e o Paraíso decerto era como no romance de Paulo Féval.. (...)

A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, com uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole e salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía, e a humidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja do saguão. E por trás de uma portinha, ao lado, sentia-se o ranger de um berço, o chorar doloroso de uma criança. (186-188)


Contexto interno
   
Contexto referencial
   

 

Perspectivas

Atmosfera romântica
   
Indícios/símbolos
   
Decadência
   
Aparência/realidade
   
Intertextualidade
   
Ironia
   
Romance de Tese