3. O Adultério

Ícone iDevice 4. Na rua de S. Francisco

[Juliana] - Diverte-te, piorrinha, diverte-te, que o meu dia há-de chegar! Oh se há-de!

Luísa com efeito divertia-se. Saía todos os dias às duas horas. Na rua já se dizia que “a do Engenheiro tinha agora o seu S. Miguel”.

Apenas ela dobrava a esquina, o conciliábulo juntava-se logo a cochichar. Tinham a certeza que se ia encontrar com o “peralta”. Onde seria - era a grande curiosidade da carvoeira.

- No hotel - murmurava o Paula. -Que nos hotéis é escândalo bravio. Ou talvez - acrescentava com tédio - nalguma dessas pocilgas da Baixa!

A estanqueira lamentava-a: uma senhora que era tão apropositada!

- Vaca solta lambe-se toda, srª Helena - rosnava o Paula.

- São todas o mesmo!

- Menos isso! - protestava a estanqueira - Que eu sempre fui mulher honesta!

- E ela? - reclamava a carvoeira - Ninguém tinha que lhe dizer!

- Falo da alta sociedade, das fidalgas, das que arrastam sedas! É uma cambada. Eu é que o sei! - E acescentava gravemente: - No povo há mais moralidade. O povo é outra raça! (191-192)


Contexto interno
   
Contexto referencial
   

 

Perspectivas

Indícios/símbolos
   
Decadência
   
Aparência/realidade
   
Ordem/desordem
   
Ironia
   
Romance de tese