Minicaso 2 - O dinheiro só, não chega
Deontológica
O extrato intitulado “dinheiro só, não chega” elucida-nos em relação ao que terá motivado os funcionários a restituir o dinheiro.
De acordo com a teoria moral de Kant o ser humano deve agir visando não alcançar qualquer resultado exterior à ação considerando apenas o escrupuloso cumprimento do dever. O ser humano ao agir não deve procurar o objetivo da ação fora de si, isto é, se ao realizar a ação desejar alcançar algo como a sua utilidade, o prazer, o ser agradável, então, tais motivos constituem-se como externos e, desta forma, a ação realizada encontra o seu valor num propósito externo a ela.
Ora, na filosofia kantiana a vontade do agente racional deve seguir um princípio formal, totalmente a priori e exclusivamente orientado pela razão. Devemos cumprir uma obrigação porque claramente é esse o nosso dever. No presente extrato podemos afirmar que os funcionários claramente cumpriram o seu dever restituindo a quantia encontrada aos seus legítimos proprietários. Fizeram-no de forma desprendida por puro respeito ao dever, isto é, devemos restituir aquilo que não é nosso porque esse ato é simplesmente um dever em si, de todo e qualquer ser humano sem exceções. Um dos funcionários afirma na entrevista: “Tanto fosse 10, como 20, como fosse 15 é de alguém que precisava dele”, portanto, às vezes o dinheiro só não chega.
Teleológica
No extrato “o dinheiro só, não chega” mostra-nos que os funcionários agiram com intuito de fazer o que era o mais correto e, desta forma, ficaram felizes com o seu ato.
De acordo com esta atitude evidenciada pelos funcionários podemos analisá-la de acordo com os pressupostos do Utilitarismo.
O Utilitarismo de Stuart Mill (1806-1873) é a corrente da filosofia que defende que o que constitui um critério moralmente relevante para apreciar a moralidade de uma ação é o seu resultado. O conceito de utilidade deve ser entendido nesta perspetiva como a possibilidade de maximizar a qualidade de vida dos agentes morais, ou seja, o seu bem-estar. Mill entendia que a finalidade última das ações do homem é a felicidade.
Há um princípio que na perspetiva utilitarista aglutina todo o propósito da ação moral, a saber: Princípio da Utilidade ou da Maior Felicidade, assim, este princípio funciona como um critério para avaliar a moralidade das ações.
De uma forma global podemos definir este princípio da seguinte forma: Devemos realizar aquilo que previsivelmente produza maiores benefícios para o maior número de todos aqueles que poderão ser afetados pelas consequências dessa ação. A ação moralmente certa é aquela que maximiza, de forma imparcial a felicidade para o maior número. Assim, de acordo com S. Mill a ação protagonizada pelos funcionários foi aquela que promoveu maior felicidade para todos.