Minicaso 1 - O dever acima de tudo
Deontológica
O extrato intitulado “o dever acima de tudo” apresenta-nos Aristides de Sousa Mendes como um ser em conflito, por um lado, o dever de cumprir uma ordem, por outro, o imperativo de consciência: salvar vidas humanas.
Um agente moral é aquele que para Kant tem o dever de guiar a sua ação por regras universais. As regras morais universais válidas são-no sem admitir nenhuma exceção. São exemplo de normas morais universais o não mentir, o não roubar, o não assassinar. Kant afirmou que atos desta natureza são sempre moralmente condenáveis e, portanto, errados. Seguindo o pensamento kantiano, se queremos que uma máxima se submeta ao teste do imperativo categórico com intuito dela se tornar um princípio ou regra universal, então, facilmente podemos perceber que se adotarmos como máxima mentir deliberadamente e ela se transformar em princípio universal, claramente estaremos a violar um princípio crucial da ética kantiana e que é o respeito pela lei moral, contribuindo desta forma para a autodestruição da nossa dignidade enquanto seres racionais e autores da lei face à qual também temos o dever de submissão.
O minicaso em questão mostra-nos Aristides dividido: “De um lado, a honra, a família e os doze filhos, do outro estava o seu dever de consciência”. A filosofia kantiana defenderia que a sua obrigação era apenas cumprir o dever de obediência à lei, não admitindo em nenhuma circunstância qualquer exceção, nem mesmo quando em causa estavam tantas vidas humanas.