Minicaso 2 - Os fins ditam os meios
Teleológica
De acordo com a ética de Stuart Mill podemos afirmar que nas decisões morais não há normas que assumam de forma permanente um valor absoluto. Partindo do princípio que o único critério para avaliar se as ações são moralmente corretas reside nas consequências que delas derivam e que devem promover imparcialmente o bem-estar para o maior número, então, em rigor não existem leis que assumam o mesmo valor em todas as circunstâncias. O extrato em análise mostra-nos que para Aristides salvar a vida dos judeus teve que deixar de cumprir as obrigações relativas à função que desempenhava.
A ética utilitarista de natureza consequencialista admite esta possibilidade, muito embora salvaguarde sempre que o princípio de utilidade exige ponderação na avaliação que o sujeito realiza das consequências prováveis dos seus atos, a ponto de não subscrever de forma gratuita atos moralmente vis.
De facto as normas morais em vigência nas sociedades acabam por funcionar como um critério adotado para sustentar a vida em comum de modo a que as arbitrariedades não sejam uma constante ao ponto de fazer perigar a vida e a integridade dos homens. No entanto, de acordo com o utilitarismo o que deve presidir às nossas decisões morais não é o conjunto de normas socialmente convencionadas, mas tão-somente o princípio de utilidade.
O minicaso em questão diz-nos que após “três dias e três noites, num sono sonâmbulo”, Aristides “acordou com a decisão tomada”, uma decisão que salvou do risco da morte mais de 30 000 pessoas.
Concluímos que a ética de Stuart Mill não dá lugar a grandes dilemas morais já que quando em causa está a felicidade para o maior número, o sujeito que terá que decidir deverá seguir este princípio ainda que o mesmo legitime a não existência de leis morais absolutas e intrinsecamente boas. As circunstâncias ditam as regras e justificam também os meios.