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Minicaso 3 - Ações boas em si mesmas

Deontológica

O extrato cujo título é “ações boas em si mesmas” remete para um visível conflito de deveres que Aristides de Sousa Mendes vivenciou na primeira pessoa.

De acordo com Kant uma ação moralmente válida reside no cumprimento estrito do dever, desta forma, só uma intenção pura e desprovida de inclinações sensíveis pode tornar uma ação legítima. Uma intenção só é realmente pura se derivar da boa vontade. Só a boa vontade é boa em si mesma, pois só ela é intrinsecamente valiosa.

 O ser humano age por dever sempre que a sua ação não visa perseguir nenhum interesse particular, mas quando é motivada exclusivamente pelo puro respeito à lei.

O extrato põe em evidência esta necessidade de cumprir a lei e simultaneamente desrespeitá-la, pois só assim Aristides podia salvar da morte os judeus que a ele recorreram. Ao fazê-lo Aristides sabia que incorreria numa grave desobediência, aliás o extrato evidencia isso mesmo quando noz diz que “desobedecer a Salazar era pintar um alvo na testa”, no entanto, a partir daquele momento passaria vistos a todos os que lhe pedissem e foi o que fez.

Se considerarmos esta atitude de Aristides tendo em conta a filosofia de Kant, foi protagonizada em conformidade com o dever, porém, só as ações por dever são aquelas que cumprem as regras morais e que decorrem do respeito total e incondicional pela lei moral, sem visar obter qualquer compensação ou vantagem. As verdadeiras ações morais para Kant são as que são exclusivamente praticadas por dever, uma vez que o valor destas reside na própria ação, sendo um fim em si mesmas. Esta ação apesar de louvável não seria uma ação boa em si mesma, na abordagem kantiana.