1. A Vida Burguesa

Ícone iDevice 3. A amiga Leopoldina

- Desta vez é que bem posso dizer que me enganei, minha rica filha! - exclamou Leopoldina erguendo os olhos desoladamente.

Luísa riu.

- Tu enganas-te quase sempre!

Era verdade! Era bem infeliz!

- Que queres tu? De cada vez imagino que é uma paixão, e de cada vez me sai uma maçada!

E picando o tapete com a ponta da sombrinha:

- Mas se um dia acerto!

- Vê se acertas - disse Luísa. Já é tempo!

Às vezes na sua consciência achava Leopoldina “indecente”; mas tinha um fraco por ela: sempre admirara muito a beleza do seu corpo, que quase lhe inspirava uma atracção física. Depois desculpava-a: era tão infeliz com o marido! Ia atrás da Paixão, coitada! E aquela grande palavra, faiscante e misteriosa, donde a felicidade escorre como a água de uma taça muito cheia, satisfazia Luísa como uma justificação suficiente: quase lhe parecia uma heroína; e olhava-a com espanto como se consideram os que chegam de uma viagem maravilhosa e difícil, de episódios excitantes. Só não gostava de certo cheiro de tabaco misturado de feno que trazia sempre nos vestidos. Leopoldina fumava. (27-28)


Contexto Interno
   

 

Perspectivas

Atmosfera Romântica
   
Decadência
   
Aparência/Realidade
   
Ordem/Desordem
   
Romance de Tese Naturalista