2. O Processo de Sedução

Ícone iDevice 4. Paris/Lisboa

Mas no dia seguinte, muito habilmente, Basílio não falou no passeio, nem no campo. Não falou também do seu amor, nem dos seus desejos. Parecia muito alegre, muito superficial; tinha-lhe trazido o romance de Belot, A mulher de fogo. E sentando-se ao piano, disse-lhe canções de café-concerto, muito picantes; imitava a rouquidão acre e canalha das cantoras; fê-la rir.

Depois falou muito de Paris, contou-lhe a moderna crónica amorosa, anedotas, paixões chics. Tudo se passava com duquesas, princesas, de um modo dramático e sensibilizador, às vezes jovial, sempre cheio de delícias. E, de todas as mulheres de que falava, dizia recostando-se: Era uma mulher distintíssima, tinha naturalmente o seu amante...

O adultério aparecia assim um dever aristocrático. De resto a virtude parecia ser, pelo que ele contava, o defeito de um espírito pequeno, ou a ocupação reles de um temperamento burguês. (126)


Contexto interno
   
Contexto referencial
   

 

Perspectivas

Tédio
   
Indícios/Símbolos
   
Decadência
   
Aparência/realidade
   
Ordem/desordem
   
Romance de tese