2. O Processo de Sedução

Ícone iDevice 7. A ária do Fausto

Quando a campainha retiniu fortemente às dez horas, Luísa havia momentos, sentara-se à beira do divã. Mal teve força de dizer a Basílio:

- Há-de ser Juliana, tinha ido fora...

Basílio cofiou o bigode, deu duas voltas na sala, foi acender um charuto. Para quebrar o silêncio sentou-se ao piano, tocou alguns compassos ao acaso, e erguendo um pouco a voz, começou a cantarolar a ária do terceiro acto do Fausto:

Al pallido chiarore

Dei astri d’oro...

Luísa, através das últimas vibrações dos seus nervos, ia entrando na realidade; os seus joelhos tremiam. E então, ouvindo aquela melodia, uma recordação foi-se formando no seu espírito, ainda estremunhado: - era uma noite, havia anos, em S. Carlos, num camarote com Jorge; uma luz eléctrica dava ao jardim, no palco, um tom lívido de luar legendário; e numa altitude extática e suspirante o tenor invoca as estrelas; Jorge tinha-se voltado, dissera-lhe: Que lindo! E o seu olhar devorava-a. Era no segundo mês do seu casamento. Ela estava com um vestido azul-escuro. E à volta, na carruagem, Jorge passando-lhe a mão pela cinta, repetia:

Al pallido chiarore

Dei astri d’oro...

E apertava-a contra si... (167-168)


Contexto interno
   
Contexto Referencial
   

 

Perspectivas

Atmosfera romântica
   
Indícios/símbolos
   
Decadência
   
Aparência/Realidade
   
Ordem/desordem
   
Intertextualidade
   
Ironia
   
Romance de tese