4. A Ética Burguesa: A Chantagem

[Sebastião está em casa de Jorge acompanhado por um polícia, que fica à porta.]
Você arrancou-lhe tudo. É roubo. É de África! - E o que é dizer ao sr. Jorge, pode ir dizer. Vá. Veja se ele a acredita. Diga! São algumas bengaladas que leva por esses ombros, ladra!
Ela rangia os dentes. Estava apanhada! Eles tinham tudo por si, a polícia, a Boa Hora, a cadeia, a África!... E ela - nada!
Todo o seu ódio contra a Piorrinha fez explosão. Chamou-lhe os nomes mais obscenos. Inventou infâmias. (...)
Quando ela se calou arquejante:
- Vá, ponha o chapéu, e prá rua!
Juliana então alucinada de raiva, com os olhos saídos das órbitas, veio para ele [Sebastião], e cuspiu-lhe na cara!
Mas de repente a boca abriu-se-lhe desmedidamente, arqueou-se para trás, levou com ânsia as mãos ambas ao coração, e caiu para o lado, com um som mole, como um fardo de roupa.
Sebastião abaixou-se, sacudiu-a; estava hirta, uma escuma roxa aparecia-lhe aos cantos da boca. (378)
Perspectivas