Aparência/Realidade

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As relações sociais, os lugares, as condutas surgem na sociedade burguesa sob o signo do parecer, da máscara (Becker, 1992). O descompasso entre o ser e o parecer é significativo nas obras realistas e naturalistas. As personagens que não se comportam de acordo com os valores sociais e morais da sociedade refugiam-se na capa da aparência para serem aceites, porque salvas as aparências tudo vai bem (Berrini, 1984). Dentro deste princípio o adultério era tolerado, desde que camuflado (Pires, 1992). Quem ousasse revelar e assumir um comportamento mais ousado, era rejeitado socialmente.

O descompasso entre ilusão e realidade é também frequente no romance realista e naturalista. Por vezes, as personagens criam universos aparentes que são fruto da ilusão e da imaginação e vivem em função desse mundo idealizado. Quando a realidade se assemelha um pouco ou momentâneamente a esse mundo idealizado, entregam-se à sua ilusão, mas quando ela começa a dissipar-se, a realidade revela-se demasiado cruel e nem sempre as personagens sobrevivem.