Atmosfera Romântica

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Eça de Queirós, imbuído do espírito da Geração de 70, insurge-se contra a atmosfera romântica que dominava a literatura, o teatro e a ópera. O escritor entende que a literatura romântica “sem ideia, sem originalidade, convencional, hipócrita, falsíssima, não exprime nada” (Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre, I: 25). “O romance, esse, é a apoteose do adultério. Nada estuda, nada explica; não pinta caracteres, não desenha temperamentos, não analisa paixões. (...) E é sobre este drama de lupanar que as mulheres honestas estão derramando as lágrimas da sua sensibilidade desde 1850” (Queirós, Uma Campanha Alegre, I: 28, 29).

Em nada poupa o teatro de S.Carlos que “não constitui um elemento de civilização, mas de decadência. (...). Uma ópera é um lupanar. Cada dueto, cada alegro, uma excitação erótica. Imagine-se uma menina ouvindo durante um ano aquela ladainha de sensualidades que se chama - Lúcia, Norma, Traviata, Maria de Rohan, Favorita, Baile de Máscaras, etc? O adultério idealizado, o amor como a coisa superior e única da existência” (Queirós, Uma Campanha Alegre, I: 306-307).

Eça pretendia criticar a sentimentalidade excessiva, a evasão do mundo real, próprias de uma atmosfera romântica amolecedora dos caracteres e falseadora dos ideais, sintoma e causa de decadência social e moral (Pires, 1992).