Intertextualidade

A intertextualidade forma-se pelo diálogo de vários textos, de várias vozes e consciências (Silva, 1990). Nesta obra é notória a referência a vários romances e óperas que se cruzam com a existência das personagens como antecipação do que vai ocorrer ou como confirmação do que já ocorreu. O diálogo intertextual entre a ópera, outras obras literárias e o romance em causa relata muitas vezes situações de sedução romântica, nas quais o dinheiro tem papel primordial (Berrini, 1984).
A presença intertextual das óperas Fausto, de Gounod ou La Traviata, de Verdi surge em contraste com a ópera de Offenbach, muito crítica, muito do agrado popular.
O realismo e o naturalismo usaram a "mise en abyme" (Dallenbach, 1977), uma técnica narrativa, que reflecte a história por duplicação. Com a introdução do drama romântico de Ernestinho, Honra e Paixão, n'O Primo Basílio estamos perante um exemplo de "mise en abyme" ou do que M. Butor designa por “obra dentro da obra” e B. Morrissette por “duplicação interior” (Dallenbach, 1977). A “mise en abyme” reflecte a história que está a ser contada, por duplicação simples, repetida ou ilusória, podendo surgir uma só vez em bloco ou ser submetida a diversas ocurrências, com carácter prospectivo (reflecte a história que vai ocorrer), retrospectivo (reflecte a história acabada), retro-prospectivo ( reflecte a história revelando os acontecimentos anteriores e posteriores ao seu início na narrativa. Neste caso, a “mise en abyme” de Honra e Paixão antecipa o adultério de Luísa e Basílio, surgindo intercalada. Nada esclarece melhor uma história (narrativa) que a sua “mise en abyme” (Dallenbach, 1977). Uma reprodução da história tem como consequência amplificar a redundância da obra.