Decadência/degenerescência

O tema da decadência social e moral foi largamente denunciado pelo movimento realista-naturalista (Pires, 1992). Quando se afirma que a raça humana está a degenerar, a detiorar-se, então o tema da decadência acentua-se com o tema da degenerescência (Pires, 1992).
Eça de Queirós n’”O primitivo prólogo das Farpas” (1871) denuncia amargamente que “o País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos” (Queirós, Uma Campanha Alegre, I: 11). Em carta a Teófilo Braga, datada de 12-3-1878, Eça confessa a sua ambição de “pintar a Sociedade portuguesa, tal qual a fez o Constitucionalismo desde 1830 - e mostrar-lhe, como num espelho, que triste país eles formam - eles e elas” (Queirós, Correspondência, I: 135).
Eça de Queirós, sob a influência de Proudhon, considera a mulher “ménagère ou courtisane”, ou seja, o seu destino ou é de dona de casa ou de mulher de prazer (Queirós, Uma Campanha Alegre, II: 213). Para o autor, um dos factores que leva a mulher à degradação moral, que ele pretende denunciar neste romance, é a desocupação: “As mulheres mais ocupadas são as mais virtuosas.(...) Uma mulher (assim) fatigada, cheia de pequenas preocupações, de atenções caseiras, de economias de chaves, não tem vagares para o sentimento. A sua natureza torna-se excessivamente prática, positiva, doméstica, hostil à fantasia e aos cortejos.” (Queirós, Uma Campanha Alegre, II: 211-212).